O futebol move paixões.
E com essa avalanche de sentimentos perdemos o senso crítico e tendemos a
analisá-lo somente pelo aspecto de seus resultados (vitórias e derrotas). Nesse
sentido damos pouca ênfase ao processo de gestão e valorizamos demasiadamente a
contratação de atletas e jogadores como a melhor forma de se atingir os
objetivos.
Quando não temos a
percepção exata do processo e trabalhamos com objetivos de curtíssimo prazo a
tendência é darmos ênfase exagerada aos meios para justificar os fins e aí
corremos o perigo de errar muito mais do que acertar.
O sucesso a qualquer preço. No caso do futebol, tendemos a
horizontalizar as medidas de gestão, dando mais ênfase à contratação de
atletas, em detrimento da organização e do planejamento. Em uma frase o Paul
Bear Bryant, técnico do futebol americano, resumiu a essência do resultado no
futebol com a seguinte frase:
“Não
é a vontade de vencer que importa – todo mundo tem isso. O que importa é a
vontade de se preparar para vencer”.
Em
qualquer atividade profissional ou empresarial o planejamento é a condição sine qua non para se atingir objetivos. No mundo
competitivo como o nosso, onde a informação deixou de ser uma exclusividade, e
a tônica é a criação a partir da percepção exata da necessidade de uma camada
social, as empresas de sucesso precisam alinhar seus objetivos estratégicos com
a essência de sua atuação.
O
futebol não é diferente. Todas as frustrações e alegrias vão para as
arquibancadas que explode de forma positiva ou negativa a depender dos
resultados. E o que vemos é que os nossos clubes estão pouco preparados para o
desafio de transformar toda essa paixão em negócios positivos e sustentáveis
para os clubes.
Por outro lado o que
observamos na maioria das vezes é que existe uma fragilidade enorme na condução
dos seus objetivos, simplesmente pela falta e uma atuação consistente das
instâncias de poder.
Ao invés do Conselho
Deliberativo ser um órgão de controle das administrações, definindo, metas,
objetivos e direcionando a atuação do executivo dentro das necessidades do
clube, os presidentes eleitos assumem completamente esse papel com uma visão de
curto prazo, onde geralmente a tônica são, apenas, os resultados a qualquer
custo.
Com isso gasta-se o que
não pode, de uma forma desproporcional, gerando passivos de difícil recuperação.
E qual a saída? Bem a saída é inverter
a lógica atual da maioria dos clubes brasileiros. É necessário rever conceitos.
E nessa nova visão precisamos pensar o futebol a partir de sua organização
interna e de seus conceitos enquanto empresa, com uma visão de curto, médio e
de longo prazo. É preciso criar mecanismos de controles internos com estruturas
organizacionais adequadas ao seu funcionamento e às necessidades financeiras.
O Conselho Deliberativo
precisa tomar as rédeas e ter conhecimento efetivo de tudo que se passa no
clube para, a partir daí, orientar a atuação dos executivos com vistas a obter
os melhores resultados dentro de uma visão de longo prazo.
É inadmissível que os
clubes brasileiros, com o faturamento que possuem, atuem sem uma governança
corporativa que proporcione credibilidade, segurança e controle das gestões. O
que vemos é que tudo acontece sem os sócios e torcedores tenham a noção exata
do que foi realizado, limitando-se apenas as alegrias ou frustrações dos
resultados nas arquibancadas.
Carlos Lindberg Lins
Administrador e Conselheiro do Clube Nautico Capibaribe